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Do incêndio ao terremoto. 1705-1755

O incêndio ocasionado por um raio em 1705 e o Terremoto de Lisboa de 1755, são os acontecimentos mais importantes que no século XVIII afetam a estrutura da Catedral.

A restauração posterior, necessária para o reforço da estrutura, e as marcas que ambos os acontecimentos deixaram (fendas, escoramentos, cinchos etc..) fazem hoje parte da história e arquitetura das Catedrais e das suas Torres. O Cabido da Catedral e a Câmara da Cidade, junto com outras instituições e as doações de particulares, financiaram os gastos, tal como nos contam vários editos de Cabidos e relatos de testemunhas.

O incêndio em 1705

O relato de uma testemunha do incêndio de 1705 conta assim:… numa tempestade caiu uma centelha que tocou a parte superior do capitel da sua torre e prendeu fogo, por ser sua fábrica de madeira e chumbado… reduziu-se em cinzas todo o capitel, solos de madeira da torre e as maças de todos os sinos.O sino do relógio caiu na rua e desfez-se em muitos bocados; derreteu-se uma parte da sineta e um sino pequeno. Os sinos pequenos inclusive o grande assentaram-se nos espaços nas paredes da Torre… a pesar de que não tenha acontecido nenhuma desgraça a nenhuma daquelas pessoas que concorriam de todos os estados para socorrer esta lástima…

As obras de reconstrução após o incêndio de 1705

O Cabido e a Câmara convergem na necessidade de arranjar a Torre dos Sinos. Todas as instituições dedicaram-se à ajuda para a Catedral, ao qual se deve acrescentar um grande número de esmolas de particulares. No dia 11 de novembro já estavam concluídas as obras de reparação da torre, mas a escassez de recursos económicos atrasou a conclusão do novo remate da torre até 1710. Pouco tempo depois, o sobrepeso do remate barroco ocasionou a deterioração do fundamento românico. Estes problemas estruturais agravar-se-iam posteriormente com o terremoto de Lisboa no dia 1 de novembro de 1755, deixando grandes fendas na Torre dos Sinos.

O terremoto de Lisboa de 1755

O terremoto do sábado, dia 1 de novembro de 1755, dia de Todos os Santos, aconteceu à hora da missa maior e causou enorme impacto nessa época, com vários milhares de vítimas em Portugal, Espanha e norte de África e danos económicos elevados. Foi sentido na totalidade da Península Ibérica assim como nalguns lugares do resto de Europa ocidental, e inclusive de América. Também se registaram os seus efeitos nas ilhas do Atlântico como Cabo Verde, Açores, Madeira e Canárias. Toma o nome de terremoto de Lisboa por ser esta a cidade mais afetada pelo sismo. O epicentro situou-se no meio do mar, o que provocou um tremendo tsunami que arrasou as costas do sudoeste peninsular, causando ainda mais mortes que o próprio tremor de terra. Produziram-se vários tremores na manhã do dia 1 de novembro de 1755. A duração foi de 120 segundos e alcançou-se uma intensidade máxima de 9 na escala de Richter. Só em Lisboa contabilizaram-se mais de 50.000 vítimas mortais, não só por causa do terremoto e posterior tsunami, mas também pelo tremendo incêndio que arrasou a cidade. O tsunami assolou as costas portuguesas e a zona do Golfo de Cádiz. Nesta cidade, a força do mar rompeu os muros das muralhas, deslocando peças de muros de contenção de 8 a 10 toneladas.

Os efeitos do terremoto na cidade de Salamanca

O alcaide maior de Salamanca informava no próprio dia 1 de novembro ao Governador do Conselho, dos efeitos do terremoto de Lisboa em Salamanca, nestes termos:  “…experimentou-se nesta cidade um terremoto, cuja duração foi de 6 ou 7 minutos, o que causou em geral susto e consternação, por encontrarem-se na ocasião os templos cheios de gente, que estava a escutar a missa maior…”

O impacto na Catedral, no dia de Todos os Santos de 1755, foi recolhido no edito que mandou promulgar o Cabido : … que ao finalizar o Hino «Gloria in excelsis» na Missa maior, repentinamente se comoveu com estrépito todo o pavimento, colunas, paredes, e abóbadas de ambos os Templos, rangendo toda a sua máquina, assombrando com o contínuo movimento, excedendo à ponderação, o que, pela elevação, faziam as Torres…

O tremor de terra fez-se sentir na fábrica da Catedral Velha e da Catedral Nova de Salamanca, provocando o pânico nos assistentes à missa maior do dia de Todos os Santos, chegando até o sino a tocar por si próprio. Afetou fundamentalmente à cúpula da Catedral Nova, ao Claustro da Catedral Velha e à Torre dos sinos. Apesar da dureza do sismo não houve vítimas

Outros edifícios e estruturas afetados pelo sismo foram o Campanário do Colégio de São Bernardo, a cúpula e as torres do Colégio da Companhia de Jesus, a Igreja de São Sebastião e as azenhas do rio Tormes.

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